sexta-feira, outubro 14, 2005

How could you set fire on me and pretend I wouldn't burn?

sexta-feira, setembro 16, 2005

Finalmente me sinto.
Antes de você eu era uma busca alheia.

segunda-feira, agosto 22, 2005

Who Wants to Be a Millionaire ????

I'm selling my soul. You can pay in 13x no tax income. No big deal. It comes with a broken brain, a broken heart, a broken pocket.

terça-feira, maio 24, 2005

Odores

Descia o sabor de café e junto o de cigarro. Não que a nicotina tivesse o sabor da cafeína, mas para alguém que passara tantos anos fumando e tomando expressos, associar aromas era inevitável. Abria o jornal na página de Política. Tanta desgraça no mundo, tanta gente morrendo em guerras de países que nem sabemos da existência. O cheiro do jornal impresso, fresco. E o cheiro do cigarro. Não que as folhas marcadas de tinta tivessem o mesmo odor da fumaça de Marlboro, mas para quem passara tantos anos fumando e lendo jornais, associar odores era inevitável.

terça-feira, maio 03, 2005

Devoção Cinza

Procurarei entreter. O velho faleceu há doze dias, enquanto ainda resmungava qualquer coisa ao ler o jornal na poltrona cinza. Adorava a poltrona, não me permitia sequer limpá-la. Vivia de ácaros. Sim. Não se alimentava propriamente, não gostava de abandonar a poltrona sozinha ao menos que já estivesse adormecido e morimbundo dirigia-se à cama fria.
Os jornais a ler. Todos antigos, recolhidos de qualquer lata de lixo vizinha. Era eu quem fazia tal serviço, claro. Todas cinco horas da manhã, algumas páginas perdidas pela Camboriú. Sempre ventou nesta parte de São Paulo. Tive muito que correr atrás das folhas que levantavam vôo.
Marco Antônio almoçava às 12horas, na poltrona. Minha neta, Cecília, deliciava-se ao debruçar no encosto cinza para ouvir o avô contar anedotas após o colégio. Não sabia da doença. E nem deveria saber. Crianças não entendem a morte tão bem quanto nós.
Foi então que enfartou numa tarde chuvosa e com bolinhos de chuva espalhados pelo carpete. A poltrona açucarava os cotovelos do Marco Antônio, que chacoalharam unidos no vazio frenético do fulminante.
Erguia o pijama do velho ao varal quando deu-se o surto subitamente. Corri-me à sala de estar e encontrei Marco Antônio num sono de açúcar e canela. Eternamente consumada a relação com a poltrona. Balbuciei um "Até que a morte os separa" e em seguida cerrei-lhe as pálpebras minutos antes estarrecidas.

sábado, abril 30, 2005

Amigdalite

Tentei balbuciar qualquer palavra por entre os lábios ressecados. Porém o organismo pudico reprimiu desaforado as cordas vocais e gritou: "Dou-lhe uma amigdalite, pois não!!"

terça-feira, abril 19, 2005

A Morte do escritor

Estarrecida tanta é a decepção. Poderia Yates descrever minha melancolia? Minha ausência nas linhas, minha indistinta sabedoria.
Já não há vias de disputar o espaço pelas palavras quando estas não mais me cabem o juízo. Da dor, somente mais uma descrição que peço ao poeta. Da lástima de finalização, desse divórcio entre a palavra e minhas mãos....
O momento nasceu diante meus olhos regados de arrogância desnuda. Venho a declarar que não sou mais tua, papel rascunho. Vai-te e me abandona com somente os livros de outrém. Para curar minha agonia de sonhar sozinha a busca infinita pela morte vazia.

segunda-feira, abril 18, 2005

Terapia

Único momento do dia em que não escondo as olheiras atrás de corretivo.

domingo, abril 17, 2005

Dilacerante coração: grita por ver os gênios decolarem e perder o vôo...

quinta-feira, abril 14, 2005

Lista Verde Jardinagem

Colher a planta verde
Retocar com cuidado
A maquiagem florida
Do jardim empetecado
Suplicar a São Pedro
Que a molhe com cuidado
Enquanto envelhece Verde
Enquanto encharca no terraço

quarta-feira, abril 13, 2005

Lista Amarelo Ovo

Quebrar o ovo amarelo
Amarelo de gema escorrida
Olhar para a tigela
E refletir sobre o vácuo
Gritar para Santo Antonio
Que a arraste pelo braço
Enquanto chora Amarelo
Enquanto procura namorado

Lista Vermelho batom

Jogar vemelho na boca
Vermelho nas unhas
E rir de dor
Pedir pra Virgem Maria Imaculada
Que a carregue nos braços
Enquanto dança Vermelho
Enquanto sangra em pedaços

terça-feira, abril 12, 2005

Diálogos I - Só você

- Você já amou?
- Já. E você?
- Amei só você.
- Eu também. Só você...
-Você já fez amor com outra pessoa?
-Não. Só sexo. Amor só com você.
-Eu também. Só com você.
-Você já se declarou para alguém?
-Já. E você?
-Só para você.
-Eu também.
-Você ja traiu alguém?
-Já. E você?
-Eu também. Mas não você...

segunda-feira, abril 11, 2005

Sem vírgula Sem graça

O denotativo estrangula o subjetivo
E a metáfora perde o passo
A síntaxe cai escada abaixo
Num bêbado relapso
Todos olham para o papel admirados!
Notam que a vírgula dessa história
Havia roubado a cena
Quis ganhar a narrativa
Pra aterrorizar a rima lenta
Justificou a safadeza
Pra uma autora preguiçosa
E de uma poesia mal feita mal feita mal feita
mal feita mal feita mal feita mal feita mal feita mal feita mal feita

Sem vírgula
Sem graça

sexta-feira, abril 01, 2005

Dores intermináveis

Não deu pra esperar a sua disposição pra vir atrás de mim. Resolvi fazer do meu jeito desequilibrado, como você mesmo diz. Deixei a casa aos avessos e gritei todos os péssimos nomes que encontrei pra te xingar.
Agora não vem mais pra perto. Descobri que sem você estou melhor. Por enquanto estou melhor. Porque não é tão triste assim ser uma pessoa triste.
Conheço muita gente triste. Estaria até beneficiando as estatísticas se pensar altruisticamente. Mas sei que não vai durar muito tempo. Porque não suporto sozinha. Preciso fazer alguém novo conhecer essa minha dor inerte. É preciso que sempre mais um reconheça que funciona desse jeito. Pra eu poder lamentar novamente e escrever isso novamente. Que sou triste, que sou dolorida, que gosto assim.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

O aborto do amor

Existe paixão agonizante? Do desespero que é se ver distante do objeto amado à fraqueza de se entregar à agonia do amor… Essa margem não se afoga num vazio muito grande.
É preciso que o amor entenda que está a um passo da agonia para deixar de ser apenas ele mesmo.
Quando se entrega à decadência, o amor já não mais se sustenta sobre os pés de ser um único sentimento. As misturas agonizantes não muito raras são de ciúme-posse-amor; ciúme-ódio-amor; inveja-ódio-amor; competição-ódio-amor; competição-ciúme-amor; posse-competição-ódio. E o amor abandona o corpo porque não reage mais à mistura. Tardara sobreviver à chance de retornar a ser apenas o sublime, o encantável e desnudo amor.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Sobre o Que é defeito e o Que não é ( né? )

Um menino, né, tinha um problema no olho esquerdo. Todas as vezes que o menino, né, ia falar com as pessoas, o menino, né, piscava estranho.
Até que o menino, né, esse menino que tem tilt no olho, foi chamado pra trabalhar num circo de Pirassununga, né? Mas eu acho injusto, né? Porque o menino, né, foi considerado como um "defeito-qualidade" pelo circo, né? E ai e como eu fico nessa história, né, se estou na lista de espera e não tenho nenhum defeito, né???

Sobre escrita e falta de criatividade

Escreve rápido
Escreve sobre algo que eu desconheço
Escreve então aquela da semana passada
Escreve frase de efeito....

sábado, janeiro 08, 2005

Londres

Pinta o muro de azul
Para onde o ceu nao ve sol

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Relacoes Funcionais IV

Na mesa do escritorio, 5 lapis apontados deitados paralelamente. Na parede do escritorio, um relogio de ponteiros cujo som de cada batida irritava quem entrasse pra conversar assunto serio.
A cadeira do escritorio, giratoria e de encosto muito alto, cobria com 3 palmos de sobra a cabeca do diretor. Este por sua vez, um nanico narigudo, tinha que saltar da cadeira pra alcancar os pes no chao. Costumava rodear o empregado que ali sentava quase se mijando de medo.
Hoje rodeava o grandao do Alex, rapaz responsavel pelas entregas das papeladas em dia. Como atualmente Alex na estava sendo muito pontual, o chefe o convidou para uma conversa intima naquele escritorio sombrio onde o relogio marca suas horas de vida na empresa.
Nao gritava na cara do jovem, mas fazia questao de imprimir uma voz arrastada e rouca, carregada de suspense e terrorismo. O coitado se encolhia como uma cadela prenha que faz forca pra retirar aqueles 5 filhotes de dentro dela. O rosto avermelhado com a dor de estar presenteando a situacao embaracosa, a cabeca repleta de pensamentos homicidas. Imaginava pegar aquele anao e torcer o bico do mamilo dele com uma chave inglesa. Amarrar aquelas perninhas de frango aos pes da mesa e arrasta-lo assim por toda a empresa. Usar a barriga de cerveja dele como saco de pancada. Quebrar aqueles 5 lapis ao meio porque talvez essa fosse a mais irritantes das reacoes.
Mas nao conseguia enfrentar o nanico narigudo. O pensamento esvaecia e retornava a ouvir aquela voz raivosa do chefe:
" Porque nesta empresa nao e' permi-ti-do... Repito: nao e' perrrr-mi-ti-do atraso. Se o senhor deseja atrasar o andamento da compainha, entao aconselho que mude de emprego. Arranje algo como organizar desfile da Sapucai todo ano...Entendido?? Aqui nao existe palhacada. Quem quer que seja que venha trazer pa-lha-ca-da para a empresa, eu aconselho a Sapucai do Rio de Janeiro. Compreendido??"
O rapaz nao conseguia nem tremer as cordas vocais afim de emitir um som qualquer, mas arriscou um "Sim senhor" bem baixinho.
E o anao insistia: "Eu nao te escuto. Esta compreendido ou nao???"
E o gigantao respondeu militarmente alto e claro: "Sim, senhor!!!"
"Entao por favor se retire porque nao temos mais o que conversar. Passar bem..."
O desengoncado Alex levantara-se todo grudando de suor e sem olhar pra cima retirara-se do escritorio.
O nanico narigudo mais uma vez intimidava e compensava a sua falta de altura. Porque todo nanico e' assim: folgado. E nao feliz por apenas ser folgado, tem que ser incisivamente centro das atencoes e respeitado por suas aquisicoes profissionais. Tudo para de certa forma compensar o que a natureza de sua genetica lhe falhou: tamanho suficiente para passar percebido.

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Relacoes Funcionais III

Olha que fazer piada de tudo, em cima de qualquer coisa, nao era segredo nenhum para ele. Conhecido como o famoso piadista da turma, Xaveirinho nunca pensou em ser comediante. Queria mesmo era rir na cara de todos e sem limite de gozacao. Quem nao aguentasse, nao era problema dele. Ja fez muitas meninas chorarem e perdeu algumas namoradas com tapa na cara de finalizacao. E ria logo em seguida, porque nao tinha sensibilidade o suficiente para evitar um sorriso malicioso.
Os amigos, como eles mesmo se consideravam, eram os guarda-costas de suas risadinhas. Quando a coisa ficava preta, dois deles que eram simplesmente duas barras de puros musculos, tomavam conta de limpar a barra do Xaveirinho, que de tamanho nao tem nada. Dai eu acredito que o Xaveirinho pelo menos sabia escolher as amizades...
Um outro amigo era aquele que fazia o papel de consciencia da turma. Horacio Honesto, nem sempre ria do palhaco e nem sempre deixava que rissem de senhoras velhinhas atravessando avenidas largas.
Mas Xaveirinho pouco se importava. Arrumava encrenca pra rir da mesma. Quando resolvia sair de casa para encontrar os amigos no bar, fazia questao de estar repleto de piadas quentinhas na ponta da lingua.
Entao encontraram-se os quatro como de costume num boteco de esquina onde apenas quem gostava muito de pastel frito na hora e cerveja barata, frequentava o local.
Xaveirinho nao comia pastel e nao tomava cerveja. Xaveirinho ria de quem o fazia. Ria do gordo velho arrotando na mesa ao lado e tomando tapa na cabeca da mulher envergonhada. Ria de quem se lambuzava de Ketchup e pensava que ninguem estava a perceber. Ria de quem derrapava no chao e caia de bunda. Ria de quem jogava sinuca mal. Ria das moscas tomando a Fanta da molecada. Ria com maldade das meninas adolescentes escondidas atras de maquiagem barata. Ria do dono do bar que nao tinha paciencia com a freguesia gritante. Ria muito e ria demais.
Os amigos de Xaveirinho riam tambem para acompanhar. Mas nesse dia -e fora o primeiro dia-
chegara uma moca de vestido branco na altura dos joelhos, com um par de oculos de lentes grossas carregando nas maos tremulas um livro qualquer. E essa moca parou o bar. O relogio se desfez na parede, as pessoas silenciaram. As moscas abandonaram o lugar, todos pasmos a notar aquela criatura estatica na porta de entrada do bar.
Apenas Xaveirinho nao pausou como todo o resto. Continuou a gargalhada acida quicando um dos pes no chao de tanto rir. Quanto mais silencioso o boteco se tornava e quanto mais atentos todos se manifestavam, mais Xaveirinho aumentava o volume da risada. E riu, riu, riu por um tempo muito longo que perdeu a voz. Enquanto isso ninguem ainda se movia.
Quando notara que voz ja nao tinha, desfigurou o rosto, parecia que ia chorar. Assim a moca decidiu entrar no bar a pedir um pastel de carne, sim senhor! As pessoas sairam do transe e retornaram na sintonia anterior antes do acontecido.
Ninguem nunca soube o que aconteceu com Xaveirinho. Dizem por ai que foi maldicao da moca. Dizem por ai que ela trouxe o sossego para todos. Os vizinhos e mais velhos daquela pequena cidade agradeceram aos ceus quando o rapaz nao pode mais sacar piadas daquele bocao.
Xaveirinho perdeu os amigos que ja nao tinham mais quem proteger de confusoes. Andava sozinho e calado, o Xaveirinho que deveria ter ido pro palco.

Relacoes Funcionais II

Azul e branco eram as cores que ele vestia. Podia ser apenas um conjunto inteiro branco ou um inteiro azul. Podia tambem ser a mistura de uma peca azul com uma branca. Tenis branco ou azul. Sapato podia ser preto mas somente aquele especifico porque sapatos brancos ou azuis ou branco e azuis nao sao comumente manufaturados e nao aparentam muita sanidade do vestinte.
Rosa e verde eram as cores que ela vestia. Podia ser um vestido rosa com estampa verde. Podia ser um biquini verde com flores rosas. Podia ser uma sandalia rosa e verde e um lenco verde-rosa. Nao haviam excecoes para ela, que nunca escondeu suas cores escolhidas. Usava sapato rosa mesmo. Tinha um verde tambem e era isso. Nao se preocupava com comentarios. Sentia-se livre por ser somente bi-color.
Conheceram-se numa festa do amigo que so' vestia amarelo e preto. A festa foi organizada para o grupo que fazia parte do movimento "Suas Cores e Voce". O objetivo era se identificar com um par de cores e viver intensamente o que delas voce pudesse retirar. Como membro, as regras eram muito restritas. Nao era permitido vestir cores diferentes das escolhidas, mas podia-se conviver rodeado de cores diversas, como por exemplo dormir com roupa de cama de cor distinta das suas. Ter cortina em casa ou toalha de mesa, tapete e outros mais eram somente detalhes dos arredores.
Com as regras seguidas a risca, tornavam-se individuos coloridos. E assim foi a festa tambem. Um carnaval de cores a cegar todos com aquelas luzes de discoteca anos 80. Mas todos aparentavam estar no melhor dos humores dentro de suas cores. E ai foi quando a Rosa-verde conheceu o Azul-branco. Ele se aproximou para dizer que ela ficava muito bem em verde e rosa. E que atraves daquelas cores ele enxergava a pessoa colorida dela.
Ela rosou. Olhou pra baixo mas sorriu de volta. Perguntou se queria dancar aquela musica com ela afim de ver as cores mais de perto. Dancaram com as quatro cores se entrelacando num prisma ritmico de duas criaturas apaixonadas que nao se intimidam em dividir tons.
Depois de muito, Azul-branco tomou coragem e disse que queria fazer um arco iris depois da festa. Ela brincou que talvez um dia pudessem vir a ter um Branco-verdinho juntos.
E realmente tiveram.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Relacoes Funcionais I

O casal que brigava por tudo ja nao queria se ver mais. No entanto, porque nenhum dos dois conseguia expressar que estava a deixar o parceiro, continuaram juntos por uma eternidade.
Essa eternidade durou 16 anos. Para eles que nao se amavam, era como dividir o teto com o inimigo para sempre. Viveram entao, eras de tortura e de angustia, ansiando para que o termino chegasse. Mas era somente uma briga soltar no ar, o orgulho de ambos tornava-se tao incisivo que emburravam os rostos e nao arriscavam ao menos se entreolhar. Nem mesmo para dizer o quanto se odeiam. Nem mesmo pra cuspir as entranhas carregadas daquela furia.
O odio superava a facilitacao de o outro ir embora livre, sem remorso, batendo asas rumo a felicidade plena. Quanto mais se apegavam na amargura de se maltratarem, maior era o negro prazer de nao ver o outro contente.
Nao tiveram filhos porque conviram que poderia ser um fato que mudasse a relacao e talvez voltassem a se amar como a principio. Ai seria a total ruina desse relacionamento construido sob ceus escuros.
Nao dormiam separados porque aliviaria e daria a privacidade suficiente para que relaxassem durante o sono e viessem a gozar da minima liberdade possivel.
Qualquer situacao que gerasse libertacao era sinonimo da perda do parceiro para a escape daquele ciclo. Entao tomavam cuidado com as palavras ditas para nao ornamentarem um elogio sem intencao.E nunca retiravam o que diziam. E por isso o cuidado exigia atencao para que nao causasse desentendimentose assim o odio poderia permanecer um himem intacto.
Certo dia e sempre um certo dia vem para diferenciar a vida de todo dia, estavam a caminhar perto de um parque lindo mas nao podiam comentar que era realmente esplendido. O Sol rasgava no meio dia, um casal se beijava em cena de filme cliche, duas criancas corriam com armas de jorrar agua. E ficaram estaticos ali, sem comentar o absurdo que era ver todos felizes naquele verao e quao miseraveis sao as pessoas que assim vivem.
Nenhum dos dois moveu os labios para tecer um simples comentario. Em pe' em frente `a paisagem colorida com sorrisos, o casal nao resmungou. Nao foi dito nada, mas largaram as maos e sem despedida ou malicia de olhares, resgataram suas individualidades e caminharam em sentidos opostos...