terça-feira, janeiro 04, 2005

Relacoes Funcionais I

O casal que brigava por tudo ja nao queria se ver mais. No entanto, porque nenhum dos dois conseguia expressar que estava a deixar o parceiro, continuaram juntos por uma eternidade.
Essa eternidade durou 16 anos. Para eles que nao se amavam, era como dividir o teto com o inimigo para sempre. Viveram entao, eras de tortura e de angustia, ansiando para que o termino chegasse. Mas era somente uma briga soltar no ar, o orgulho de ambos tornava-se tao incisivo que emburravam os rostos e nao arriscavam ao menos se entreolhar. Nem mesmo para dizer o quanto se odeiam. Nem mesmo pra cuspir as entranhas carregadas daquela furia.
O odio superava a facilitacao de o outro ir embora livre, sem remorso, batendo asas rumo a felicidade plena. Quanto mais se apegavam na amargura de se maltratarem, maior era o negro prazer de nao ver o outro contente.
Nao tiveram filhos porque conviram que poderia ser um fato que mudasse a relacao e talvez voltassem a se amar como a principio. Ai seria a total ruina desse relacionamento construido sob ceus escuros.
Nao dormiam separados porque aliviaria e daria a privacidade suficiente para que relaxassem durante o sono e viessem a gozar da minima liberdade possivel.
Qualquer situacao que gerasse libertacao era sinonimo da perda do parceiro para a escape daquele ciclo. Entao tomavam cuidado com as palavras ditas para nao ornamentarem um elogio sem intencao.E nunca retiravam o que diziam. E por isso o cuidado exigia atencao para que nao causasse desentendimentose assim o odio poderia permanecer um himem intacto.
Certo dia e sempre um certo dia vem para diferenciar a vida de todo dia, estavam a caminhar perto de um parque lindo mas nao podiam comentar que era realmente esplendido. O Sol rasgava no meio dia, um casal se beijava em cena de filme cliche, duas criancas corriam com armas de jorrar agua. E ficaram estaticos ali, sem comentar o absurdo que era ver todos felizes naquele verao e quao miseraveis sao as pessoas que assim vivem.
Nenhum dos dois moveu os labios para tecer um simples comentario. Em pe' em frente `a paisagem colorida com sorrisos, o casal nao resmungou. Nao foi dito nada, mas largaram as maos e sem despedida ou malicia de olhares, resgataram suas individualidades e caminharam em sentidos opostos...

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