segunda-feira, março 10, 2008

Sob as sombras dos flamboyants

Perder a mulher pro corretor de imóveis me fez filósofo das causas pequenas já que além dessa e todas as outras perdas adjacentes resolvi me jogar debaixo das sombras dos flamboyants. Não tem nada de poético, não. Eu fiz por causa do sol, não dá pra suportar o calor de Fortaleza que faz em São Paulo e eu precisava me esgotar de todas as forças, me fazer coitado, me redimir com Deus, já que insistem que ele existe. João Paulo, esse mesmo que não era papa nem nada, de dois nomes me ajudou a afundar. Não gosto de prédios com nomes de mulheres como Yara e Gisele. Não me mudo pra edifícios assim. E na minha família, todo mundo é de dois nomes. Muito ruim Marco Antônio e João Paulo. O segundo, meu irmão e nem pergunte quem o primeiro é. Pois bem, escolhi a vida de mártir sem saber que as minhas unhas dos pés cresceriam e amarelariam tanto, envergariam. Isso lá é uma bela metáfora da cretina miséria de ter sido ultrapassado por um careca. Ainda bem, os males não foram tantos. Eu sou infértil. Isso é bom hoje em dia. Todo mundo se enfia na sua vida sem ao menos se importar com o que você acha. Quando eu não queria faculdade, por que eu não queria. Quando fiz pra calar, o que eu faria depois. Quando não arranjei emprego, quando arranjaria. Quando passei a namorar, quando seria o casamento. Me casei, cadê os filhos. Os filhos, cadê o futuro deles. Mas eu pulei essa parte. Eu fui pra sombra, fui me refrescar, me livrar das etapas que não me pertencem, quem sabe até eu retiro esse segundo nome ridículo. Quem sabe até ressuscito a minha avó, ela sim me daria um canto pra morar, sem me julgar, ai que lindo é amor de vovó. E no alívio, eu nem precisaria mais pensar em matar a puta que me fez tudo isso.

Um comentário:

Anônimo disse...

se me pedissem pra escolher apenas 3 pessoas para eu ler o resto da minha vida, você seria uma delas.