quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Carlos, o controle

Eu sinto que não posso conter. Conter o quê? O controle. Ele vai me escorregando. Mas é assim mesmo. Não, eu achei que não fosse. Eu gosto do útil. Em inglês é tão bonito: u-se-ful device! A praticidade me climatiza, eu respiro e sei que os objetos estão ali. Meu ventilador funciona bem. E quando eu preciso do telefone pra uma entrega, dos talheres na primeira gaveta. Mas aí penso no intangível, nos musgos de não tocar as coisas do sentir. É como um portal de caos e cosmos que eu não posso vigiar. O controle tão fora do meu dentro de mim e eu tão procurando tocar no rosto dele. Mas ele não tem rosto. Exato, e eu queria que tivesse. Ia chamá-lo Carlos. Credo. Credo nada. É nome comum, os dois começam com cê. E o meu controle Carlos eu ia levar pro trabalho e pra cama. Pra cama pra quê? Porque não gosto quando me tocam onde não gosto e isso sempre acontece comigo. O Carlos me resolveria. E no trabalho? É só porque trabalho é chato, que é com cê e controle e cama e Carlos também. Combinam, que é com cê também.

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