domingo, junho 10, 2007

J & M

- E aí, o que achou?
- Do seu pinto?
- É. Sei lá.
- Num é nisso que estou interessada. O nosso lance é outro, sabe? Dá uma tragada?
- Que lance?
- Ah. Quero mais é saber do seu papo desastroso.
- Desastroso?
- É. Eu acho fantástico! Porque pinto é pinto. Num muda muito. Até eu posso ter um hoje em dia. Tá tudo tão acessível...
- Você sempre fala assim?
- Assim como?
- Com esse linguajar. Esse seu jeito de se referir a...
- Ah! Do pinto? Falo assim mesmo. Às vezes pintinho, outras pintão. Outras pinto. Prefiro pinto. E você?
- Como assim e eu?
- O que você fala?
- Eu não vou te contar.
- Você dá nome, né??? Que breeega!
- Eu acho melhor do que generalizar. Além do mais, ele é só meu.
- Fala o nominho, vai.
- A gente nem se conhece bem. Num é momento.
- Ai, que papo. Não é como se eu estivesse te pedindo pra ver. Aliás, eu odeio olhar pra pinto. Nem adianta, acho muito out.
- Out???
- Já foi o Renascimento. Época de pintar xereca e caralho.
- Nossa, mas que boquinha, não?
- Te deixei com vergonha? Eu páro.
- Não, tudo bem. Tô tentando me adaptar.
- Viu, conta o nome, vai.
- Você vai rir.
- Vou não, eu sei me sensibilizar.
- Tá... É Jonas.
- JONAS?????!!!! Como assim? É seu sobrenome ou o quê?
- Aiaiaiai. Num devia ter dito...
- Mas, Jonas? - limpando a garganta - Tá. Desculpa. É só que...
- Era o nome do meu cachorro que morreu faz sete anos.
- E...?
- E eu era muito apegado a ele e tal.
- E você bate punheta pensando nele!!
- Como você é grossa!!
- Não mais que o Jonas...
- Você não sabe como ia te fazer bem colocar um nome na sua...
- Ah, não. Ridí-culo! Digo... num é pra mim, sabe como é, né?!
- Bom, mas eu acho que ia combinar mais comigo alguém que também dá nome.
- Você acha?
- Acho fundamental pra nossa relação, caso você queira continuar me vendo.
- Porra. Tô lisonjeada.
- Então. Pensa aí.
- Ai, mas é meio difícil.
- Quer ajuda?
- Não! Peloamordedeus... Jonas é o suficiente.
- Tá.

Silêncio.

- Pensei.
- Pensou?
- Você vai rir.
- Vou não.
- Tenho vergonha.
- Pra essas coisas você tem, né?
- Sei lá, é muito íntimo.
- Mas agora a gente já superou essa barreira. Já te contei o meu.
- Tá bom. Pera. Deixa eu respirar.
- Hm.
- Vem aqui, deixa eu te falar no ouvido.
- Mas só tem a gente aqui.
- Pôxa...
- Tá bom, fala.
- É Melinda.
- Hm.
- O que você achou? Péssimo, né? Horrível, eu sei!! Mas eu sou ruim pra essas coisas. Eu não deveria ter nem considerado....
- Não. Eu achei lindo.
- A-achou?
- Achei. Combina com Jonas.
- É mesmo?
- Mesmo.

Nenhum comentário: