quarta-feira, junho 06, 2007

Nós

Esses poeminhas burlescos, embrulhados em celofane rosa. Eu dizia pra ele: poema, não. Eu sou prosa. Letrinhas de rodapé então, melhor ainda. Mas num adiantou. Que burra! Burra e carente. Gostar de alguém com dedos curtos. Eu nunca gostei de gente com dedos curtos. Nem dos pés nem das mãos. Além disso ele queria casar. Num deu. Mesmo. Minha garganta secou, como quando a gente trepa pela primeira vez e volta pra casa. A mãe pergunta onde você tava minha filha e você pensa que está escrito na sua testa: tre-pan-do. Gos-to-so. Mas responde: no cinema. Qual filme? Aquele novo lá.
E o meu amigo já frisava: você gosta tanto, tanto do amor, que o evita, foge. Fujo. Viro a esquina, entro bufante em qualquer casa. Aí vira coisa escrotérica: com terapeuta dizendo que estou bem melhor agora que consigo controlar a minha impulsividade. Como assim? Então quer dizer que eu era muuuito pior? Caralho. Que merda. Mais dinheiro em terapia. Eu prefiro assim: ou chamo de terapeuta ou de psicólogo. Analista é coisa de Woody Allen.
Tá certo, eu mudo de repente. Um dia sou frio, outro sou quente. Essa reclamação já é antiga. Começou com a minha mãe, quando ela quase me descobriu. Mas eu sempre soube que ela olhava pra mim e não me via. E ele tinha isso em comum. Aterrisava na frente de uma loja e soltava: nossa, mas essa roupa é a cara dela! Trazia pra casa o vestido cor-de-rosa pra ouvir: meu bem, eu já sangrei. Agora só visto vermelho.
Pode parecer que sim, mas ele não foi o único que se magoou, não. Tsc-tsc. Fiquei muito triste, arrasada, aquela vez que me chamou de lixeira. Eu não sou lixeira, ué. É, sim! Não sou. Isso é ar-te! Arte a caceta. A casa tá toda entupida. Iiih. Eu já te disse que vou usar quando estiver inspirada. Quando você estiver inspirada muita coisa vai acontecer, né? É. Vai. Bati a porta e me tranquei.
Tá bom, confesso. hihihi. Nada disso ocorreu. Eu sei, mentir num é legal. Mas me sinto péssima de ver que saí ilesa. Ele nunca me chamou de lixeira. Nossa, nunca me chamaria também. Tudo o que eu fazia era divino. Até quando dei o fora. Quando disse, veja bem meu amor. Não, acho que não disse meu amor. Mas eu disse veja bem. E ele travou uma lágrima. Foi duro porque nessa hora eu tive um eufórico ataque de riso. Não! Não tô rindo de você!!! É que tô nervosa. Mas então... Num dá. Respira... Uuuuf. Pronto. Então, eu preciso ir embora. Mas eu te amo. Ai, que ama que nada. Muito clássica essa coisa de amor. Eu te amo clássico. Você viu naquele filme essa frase, né? Pára de rir. Num é. Veja bem. Eu tô precisando assim, ser mais eu. Eu sempre te deixei ser você. Mais ou menos, né? Então tá. Quer ir, vai. Fui. Com peso, com culpa. Com a minha mãe reclamando mas-ele-era-tão-perfeito! Então casa com ele você, porra!
A sua mãe é recorrente, né? Dizia esse amigo meu. É mesmo. Muito.

2 comentários:

Anônimo disse...

sapeconaaaa neééé!!!!aeheahaeh

Comida de Gaveta disse...

só não te envolvo nessa história pq seria pedofilia. rs