terça-feira, agosto 24, 2010

a dúvida do afeto

A dúvida do afeto, pensei comigo, era a dúvida de não responder, que eu perguntaria às pedras e minha mãe se intrometeria que ela poderia me ajudar, contanto que eu ouvisse seus conselhos matrimoniais e dividisse o pós-parto desse novo movimento, pra ela tão progressivo e pra mim com mais dúvida e mais pergunta e mais medo de não me entender. a revista dizia que casamento ainda dá certo, eu não sabia que não dava antes disso, e a dúvida do afeto, onde mora ele quando todo mundo precisa de uma aliança em círculo pra fechar o outro e se perder no alheio e passar anos a se confundir e perder as entranhas e não se reconhecer. aí de domingo meu pai ri com as piadas dessas de humor, dessas de jornal, dessas de domingo sobre o casamento falido feitas para homens acima de sessenta casados e com medo da morte e com medo de não ter feito nada por ter passado muito tempo trabalhando e cooperando com impostos. e eu que venho da vagabundagem, dizem todos, esses todos fora de mim, que o que eu faço é coisa de bundagem e vaga junto. aí forma isso o que eu faço, tão confuso para os outros, pra mim mais ainda, mas confortável de um jeito que eu nao me vejo longe dessa verdade de imaginação que me tira o sono quando não consigo abraçar tudo. e volto na dúvida do afeto que é a mesma infinita da aliança em círculo fechado no outro e quem é o outro a não ser eu mesma, quem é o outro que não existe a não ser na minha cabeça?

Um comentário:

Fred disse...

Geralmente, ocupações que te fazem feliz, são tachadas de vagabundagem ou vício