terça-feira, maio 29, 2007

Prestes a

Eu não vou negar: desta vez é muito pior. Tenho pena dos apaixonados porque eles não fazem idéia do que é isso. Vivem aí cambaleando sôfregos como se fosse grande coisa. Eu, não. Estou retardado. Já fiquei sem comer algumas vezes, mas agora é diferente. Agora eu tenho que suportar o dia passar e nunca passar. E fico aqui, sem abrir a persiana do quarto, pairando bobo a cada cinco minutos em frente ao telefone, que nem dá pra ver o número porque está escuro. Mas é ridículo, eu sei. E por isso que só conto o drama em voz alta pra mim mesmo.
O dia corre inquieto, sem base de comparação. Passo horas vasculhando a cabeça pra rimar com alguma coisa. Mas zero. Não rolou, não tem memória. Vai ficar assim, arquivo perdido no meio da minha história.
E as pessoas? Ah, elas gostam de tocar no assunto, de que estou mudado, de que não freqüento mais a casa de ninguém, de que isso as incomoda. Olha: foda-se. Porque talvez essa seja minha única chance de compreender o que tanto compositorzinho de mpb fala por aí. Espero mesmo que eu consiga ouvir o que eles têm pra dizer e não achar mais tão ruim assim. E que sirva pra virar cafonice e eu poder integrar esse mundo de gente que se abraça pra cumprimentar mesmo quando faz poucas horas que encontrou alguém. Isso é coisa de gente que amou e não pode mais abraçar quem gostaria. Ótimo também. Porque estou prestes a e mal posso esperar...

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